A economia
colonial brasileira esteve, desde o seu nascimento, ligada à mão-de-obra
escrava. A independência e a instituição do império em nada
modificaram a estrutura escravista. Ao contrário, a escravidão ficou mais
acentuada. O problema básico era como manter constante o fluxo de escravos.
Como a mortalidade era maior
que a natalidade, a tendência era a
diminuição do número de escravos. Por isso, a economia colonial precisava
comprar cada vez mais escravos. A Inglaterra e o
tráfico negreiro Até o século XVIII, a Inglaterra
havia lucrado e acumulado muito capital com o comércio de escravos,mas no século
XIX a situação mudou. Os industriais
ingleses, que se desenvolveram com a Revolução Industrial, viam no
escravismo um obstáculo para a expansão de novos mercados. Os ingleses achavam
que os capitais aplicados na compra de escravos poderiam ser dirigidos para
setores mais dinâmicos da economia, como, por exemplo, para a compra
de máquinas e de produtos industriais. Além do mais, a
escravidão significava um mercado restrito, ou seja, consumia muito pouco. Os
ingleses queriam um mercado livre, sem o protecionismo do mercantilismo e do
pacto colonial. Por essa razão é que eles combatiam o escravismo, não só em
suas próprias colônias das Antilhas, como também em regiões como o Brasil. Como nos tratados
de 1810 D. João já
havia se comprometido a extinguir o tráfico, os ingleses sentiram-se com
autoridade para iniciar a perseguição aos navios negreiros. A Inglaterra só
reconheceu nossa independência com uma nova promessa de extinção, que nunca foi
cumprida. Em 1831, formulou-se uma lei bastante ambígua sobre o controle do
tráfico. Os escravos continuaram a ser importados. O tráfico continuava e as
ações dos navios de guerra contra os navios negreiros cresciam na mesma
proporção. A perseguição da Inglaterra aos navios negreiros brasileiros gerou
fortes tensões nas relações entre os dois países. A Lei Eusébio de Queirós No dia 8
de agosto de 1845, foi aprovada na Inglaterra uma lei que levava o nome de seu
autor, a Lei Aberdeen (Bill Aberdeen), que afirmava “(…) será lícito ao alto
tribunal do almirantado e a qualquer tribunal de Sua Majestade (…) julgar qualquer que faça o
tráfico de escravos africanos (…)”. O Brasil protestou contra a ingerência (intervenção) nos assuntos
internos de nossa política, mas a Inglaterra não tomou conhecimento. O Brasil
não tinha saída. Seria muito difícil para um país de economia agrária e
dependente enfrentar a maior potência mundial da época. O governo brasileiro
teve de ceder. No dia 4 de setembro de 1850, foi publicada a Lei Eusébio
de Queirós, que levava o nome do ministro da Justiça, pela qual ficava
extinto o tráfico de escravos entre o Brasil e a África. O número de escravos
importados caiu rapidamente. As províncias do Nordeste foram as que mais
sentiram o fim da importação de mão-de-obra. As províncias do Centro-Sul, que
já estavam se dedicando à cafeícultura, conseguiram, num primeiro momento,
superar o problema com o tráfico interno de escravos. Porque não se utilizava
da mão-de-obra livre nas lavouras? Essa solução era quase impossível, se
pensarmos que os três séculos de escravidão geraram uma pequena oferta de
trabalhadores. E mesmo esse pequeno contingente de trabalhadores livres não
queria enfrentar uma tarefa que foi sempre “coisa
de negro“. O trabalho nas grandes lavouras era visto como algo
aviltante (que desonra). A conseqüência mais imediata dessa situação foi que os
preços de escravos subiram assustadoramente. Alguns latifundiários sentiam que
o trabalho escravo era improdutivo e ensaiavam a introdução de imigrantes como
mão-de-obra. PEDRO, Antônio. História de
civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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