A Revolução Americana.
A Revolução
Americana foi a revolta das colónias
inglesas na América do Norte ocorrida entre 1775
e 1783, que resultou na instituição dos Estados
Unidos da América.
A Independência dos Estados Unidos é considerada a primeira Revolução Americana (a
segunda foi a Guerra de Secessão, também nos Estados Unidos). Ela foi um marco
na crise do Antigo Regime porque rompeu a unidade do sistema colonial.
As treze colónias americanas formaram-se a partir do século
XVII. Nos fins do século XVIII, havia 680 000 habitantes no norte, ou Nova
Inglaterra: Massachusetts, Nova Hampshire, Rhode Island e Connecticut; 530 000
no centro: Pensilvânia, Nova York, Nova Jersey e Delaware; e 980 000 no sul:
Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia. Ao todo, mais
de 2 milhões de colonizadores.
No centro-norte, predominavam a pequena e média
propriedades, geridas por europeus exilados por motivos políticos ou
religiosos. Havia também o trabalho de servos temporários, que trabalhavam de
quatro a sete anos para pagar o transporte para a América, financiado pelos
proprietários que necessitavam de mão-de-obra. Os produtos que obtinham
eram semelhantes aos europeus; apenas madeira, produtos de pesca e utensílios
navais atraíam o interesse do importador inglês.
Isto
desencorajou o comércio da Inglaterra com a região, pois as despesas da
viagem ficavam caras. Assim, apesar da proibição de manufacturas nas
colónias, os ingleses permitiram aos colonos do centro-norte uma quase
autonomia industrial.
No sul prevalecia a grande propriedade
baseada no comércio de escravos, com reduzido trabalho livre e
monocultura voltada para a exportação.
Os colonos do norte ultrapassaram as fronteiras
coloniais. Organizaram triângulos comerciais. O mais conhecido
começava com o comércio de peixe, madeira, gado e produtos alimentícios com as
Antilhas, onde compravam melaço, rum e açúcar.
Outro
triângulo começava na Filadélfia, Nova York ou Newport, com carregamentos que
trocavam na Jamaica por melaço e açúcar; levavam estes produtos para a
Inglaterra e trocavam por tecidos e ferragens, trazidos para o ponto inicial do
triângulo.
Também
foi muito activo o triângulo iniciado com o transporte de peixe, cereais e
madeira para Espanha e Portugal, de onde levavam para a Inglaterra sal, frutas
e vinho, trocados por produtos manufacturados que traziam de volta à América.
As
leis inglesas de navegação não impediam o desenvolvimento da colónia porque não
eram aplicadas. Mas quando o comércio colonial começou a concorrer com o
comércio metropolitano, surgiram atritos que culminaram com a emancipação das treze colônias
O crescimento do comércio colonial fez
a Inglaterra mudar de política. Um dado conjuntural contribuiu para a mudança:
a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), entre Inglaterra e França.
Vencedora, a Inglaterra apossou-se de grande parte do
Império Colonial Francês, especialmente terras a oeste das treze colónias
americanas. O Parlamento inglês decidiu que os colonos deviam pagar parte dos
custos da guerra. O objectivo era aumentar as taxas e os direitos da Coroa na
América.
A possibilidade de aumentarem o seu território agradou aos colonos, que
prontamente se prepararam para explorar e aproveitar novas terras, mas, para
sua grande surpresa, o governo de Londres, por recear o desencadear de guerras
com as nações índias, determinou que nenhuma nova exploração ou colonização de
territórios pudesse ser feita sem a assinatura de tratados com os índios.
Foi esta a primeira fonte de conflito entre os colonos e a Coroa inglesa.
Mas, pouco depois, outros se lhe juntavam, como a obrigação de albergar e
sustentar tropas inglesas em solo americano: George Greenville, primeiro-ministro inglês,
decidiu colocar na colônia uma força militar de 10000 homens, acarretando uma
despesa de 350000 libras. Esta prática pesava gravosamente sobre as
finanças coloniais.
A política repressiva dos ingleses,
aliada a factores culturais, como a influência do iluminismo, teve papel
importante no processo revolucionário americano. Outra fonte de conflito
foi o lançamento de impostos pesados sobre importações
vitais para a economia e a subsistência das colónias (açúcar, café, têxteis,
etc.), a que se acrescentou o imposto de selo sobre jornais,
documentos legais e outros.
A Lei do Açucar (Sugar Act, 1764) tinha
como objectivo arranjar dinheiro para pagar a dívida nacional inglesa e prejudicava os americanos, pois taxava
produtos que não viessem das Antilhas Britânicas e acrescentava vários produtos
à lista dos artigos enumerados, que só poderiam ser exportados para a
Inglaterra.
A Lei do Selo (Stamp Act, 1765) provocou
grandes atritos entre os colonos e Inglaterra, pois exigia a selagem até de
baralhos e dados. Os colonos protestaram, argumentando que se tratava de
imposto interno, e não externo como de costume. Os colonos,
principlamente os mais ricos e cultos, sentiam-se cada vez mais ressentidos com
uma Inglaterra que retirava mais lucros das colónias do que do
continente. Queixavam-se também de que não tinham representação no Parlamento
que havia votado a lei. Reuniu-se então em Nova York, em 1765, o Congresso da
Lei do Selo, que, declarando-se fiel à Coroa, decidiu boicotar o comércio
inglês. Os comerciantes ingleses pressionaram o Parlamento e a Lei do
Selo foi revogada.
As reacções dos colonos foram, de início, exaltadas mas pacíficas: exigiram o
direito de eleger representantes para o Parlamento de Londres (para poderem
discutir e votar as leis que lhes diziam respeito), passando depois a actos de
boicote às mercadorias inglesas. Esta guerra
económica desencadearia motins e forçou o
governo inglês a alguns recuos, que contudo não satisfizeram os colonos.
A crise explodiu em 1773 com a Lei
do Chá (Tea Act), que dava o monopólio desse comércio à Companhia das
Índias Orientais, onde vários políticos ingleses tinham interesses. A Companhia transportaria
o chá diretamente das Índias para a América. Os intermediários tiveram grande
prejuízo e ficou aberto um precedente perigoso: quem garantia que o mesmo não
seria feito com outros produtos? A reacção não demorou.No porto de Boston,
comerciantes disfarçados de índios mohawks destruíram trezentas caixas de chá
tiradas dos barcos, no episódio conhecido como A Festa do Chá de Boston (The
Boston Tea Party).
O conflito agravou-se com a
presença de tropas enviadas para conter os protestos. Como resposta, em 1774 os representantes das colónias
reuniram-se em Filadélfia, num primeiro Congresso Continental que,
a partir daí, embora com divergências no seu seio, foi a voz política dos
colonos. O extremar das posições levou à criação de milícias, à constituição de
depósitos de munições e a um aumento contínuo de tensão que iria degenerar em
guerra
Curiosidades
A Revolução Americana foi
a revolta das colónias inglesas na América do Norte ocorrida entre 1775
e 1783, que resultou na instituição dos Estados Unidos da América.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=EMkq-ECMpg0
Lucas Teixeira.